Vejam ai uma tragédia. A reportagem do NYT coloca as coisas nos seus desagradáveis e verdadeiros lugares. Conta por intermédio da vida de um psiquiatra a decadência do atendimento clínico psiquiátrico nos USA e não se iludam porque por aqui esta bem parecido. Me formei em medicina no meio dos anos 80. Naquela época se falava ainda de que um atendimento psiquiátrico poderia ter na psicoterapia (falava-se desde a psicoterapia breve ate a psicanálise propriamente dita) e nos medicamentos como dois pilares complementares no entendimento e atendimento do paciente, mais para la ou para ca dependendo do tipo de paciente e quadro clínico. Vi durante os anos 90 que as psicoterapias foram dando lugar aos medicamentos, afinal certos antidepressivos prometiam melhoras independente da vida mental de quem os tomasse e a vida mental foi começando a ser considerada uma ficção. É justo dizer que os psicanalistas e psicoterapeutas de todos os tipos decepcionaram a clientela, mantendo pacientes por anos e anos (as vezes quinze, vinte anos) sem resultados respeitáveis ou algo que justificasse tanto esforço , gasto e dedicação. A massa de decepcionados e seus descendentes estava prontinha para a noticia salvadora que podiam agora deixar estes pretensiosos de lado. Realmente da para entender porque a arrogância chegou a um ponto brutal por parte dos profissionais. Agora o pau comeu. Não há mais nada entre o medico psiquiatra e seu paciente a não ser o entendimento neuronal dos sintomas e a devida ou não devida medicação. Se isso ajudou a limpar um pouco o território onipotente dos psiquiatras, psicanalistas, psicoterapeutas e psicólogos de todas as formações por outro lado esta fazendo os pacientes conhecerem o que significa mediocridade e atendimento pífio as necessidades mentais. Não sei onde isso vai dar, mas a associação da industria de diagnósticos com as empresas de atendimento medico (convênios) não cheira nada bem e esta completamente bem estabelecida. Sei o que esta acontecendo, no entanto. A banalização do atendimento esta atingindo todos os níveis, dos antes mais complexos e cuidadosos aos antes mais superficiais e simples com a vantagem para os últimos porque o atendimento esta se nivelando pelo facil, pelo jeito mais fácil. Leiam o artigo, ele fala por si mesmo.
http://www.nytimes.com/2011/03/06/health/policy/06doctors.html