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27 de dezembro de 2012

Feliz 2013

Foto: Reprodução

Deixo aqui para reflexão essa pergunta e resposta baseadas numa frase escrita por Shakespeare em Hamlet em 1600. Assim que desejo que o ano de 2013 seja para todos meus amigos, um ano onde a busca por ser verdadeiro seja possível!! Feliz 2013!!

Frase do Shakespeare:
This above all: to thine own self be true, / And it must follow, as the night the day, / Thou canst not then be false to any man. 

Pergunta:
O que significa "to thine own self be true" ?
Mas o que significa ser fiel a si mesmo? Será que alguém não tem que ter um transtorno de personalidade com grande divisao interna para tentar mentir para si mesmo? Eu não entendo.

What does "to thine own self be true" mean?
But what does it mean to be true to yourself? Wouldn't someone have to have a split personality disorder to try to lie to themselves. I don't get it.

Resposta:
Omar Khafagy - autor da resposta

Quantas pessoas você conhece em sua vida que fingem ser algo que não são?
Talvez eles estejam tentando fazer seus pais orgulhosos. Talvez eles estejam fingindo que não estão magoados com alguma coisa para que ninguém veja as suas "fraquezas".

E talvez eles tenham "esmagado" todas as suas paixões, todos os seus desejos de vida para cumprir o que eles acham que a sociedade espera deles.

Essas pessoas não estão sendo verdadeiros consigo mesmos. Eles estão ignorando o que eles realmente querem porque temem as consequências que virão ao chegarem naquilo que chegariam sendo quem são.

Mas isso não é tudo que a citação é sobre ...

"Isto acima de tudo: seja verdadeiro consigo mesmo, e tudo vai ser como a noite segue ao dia, tu não poderás então ser falso com qualquer homem."

Essa é a citação completa. Quando as pessoas ignoram o que o seu coração lhes diz, elas se enganam. E porque elas não sabem distinguir, acreditam que o engano passa a ser verdade ... e, portanto, acabam mentindo para todos.

Então, se uma pessoa é verdadeira para si mesma, segue-se (tal como a noite deve seguir os dias) que ela não vai mentir para os outros.

A frase é de Hamlet, uma peça muito bonita.

How many people do you know in your life who pretend to be something that they're not?
Maybe they're trying to make their parents proud. Maybe they're pretending they're not hurt by something so that no one sees their "weaknesses".
And maybe they've squashed all their passions, all their life's desires to meet what they think society expects of them.
These people are not being TRUE to themselves. They're ignoring what they would TRULY want because they fear the fallout should they pursue it.
But that's not all that the quote is about...
"This above all: to thine own self be true, and it must follow, as the night the day, thou canst not then be false to any man."
That is the full quote. When people ignore what their heart tells them, they deceive themselves. And because they do not know better, they believe the deceit to be truth... and therefore wind up lying to everyone.
So if one is true to themselves, it follows (just like night must follow day) that one will not lie to others.
The line is from Hamlet, a beautiful play.

Feliz 2013!

22 de dezembro de 2012

É possivel ver a nossa loucura?


Traçar os limites entre doença mental, falta de educação, comportamentos reativos e relativos  à  uma certa cultura e outras dezenas de possibilidades de classificação derivadas de formas de observação e entendimento não é tarefa simples se é que  possível. Há uma respeitável negação entre  nós daquilo que nos ocorre quando observamos alguma coisa  que nos deixa impotentes. Muitos, em meio a angustia da incerteza, ficam muito sabidos e cheios de certezas numa manobra mais ou menos consciente e compensatória. O fato é que  não gostamos de não saber ou de mesmo sabendo alguma coisa não poder fazer nada ou quase nada frente ao que é imposto por nossas mentes ainda que estimulados por fatos externos. 

O assassinato de crianças na escola em Connecticut por um jovem de 20 anos há quinze dias estimulou em mim essas questões. Eu clinico desde 1985 entre psiquiatria ambulatorial e hospitalar, serviço publico e privado e psicoterapia e psicanálise. Durante todos esses anos já vi muitos modos de funcionamento entre nós humanos. Ja li muita teoria, muita classificação, muito entendimento. Não ha uniformidade nos processos mentais humanos, apesar de haver invariâncias significativas. A apreensão da realidade interna e externa é altamente subjetiva, inaferivel por terceiros pelo menos de forma confiável. As drogas psicoativas desenvolvidas para lidar com os "distúrbios" mentais ajudam muito muitas vezes, não tenham a menor duvida. 

A demonizaçao dessas drogas por conta das brutais interferências da industria farmacêutica são compreensíveis, mas nos induzem a crer que as medicações não são importantes. Grande parte das pessoas medicadas hoje estariam reclusas em hospitais psiquiátricos possivelmente pela vida toda. Por outro lado transformar em doença toda manifestação humana de angustia, medo,  dor  e sofrimento claramente derruba por água abaixo qualquer idéia de não doença. Estamos bem longe de nos acostumar com a maneira errática com que nossa mente opera. 

A submissão ao instituído social é  estimulado pela sociedade e pela família como meio de garantir ao indivíduo a sobrevivência, mas desconsidera os resultados dessa submissão. Nada disso sai barato, nada disso é endereçado na nossa sociedade por uma simples razão: não temos tempo, interesse e condições mentais para ter tempo e interesse. Quem quiser leia esse artigo escrito por conta desse massacre numa revista eletrônica de psiquiatria.

http://bit.ly/UQeo9t

17 de dezembro de 2012

A ‘Little Jerusalem’ in the Heart of Italy

Vejam que interessante. Sem nenhuma vitimologia e sem nenhuma apologia religiosa e/ou ideológica vejam quantas vezes muito antes do que as pessoas imaginam os judeus foram proibidos disso ou daquilo. Ainda assim, parece que coisas belas, lugares belos e muito aprendizado ficam gravados para sempre.

Leiam http://nyti.ms/VJ7D8K

Kathryn Ream Cook for The New York Times                               The medieval village of Pitigliano, Italy.

I am Adam Lanzas mother

Boy with butterfly
"Michael" with butterfly


Acho que devemos refletir um pouco sobre o custo da psicose. Eu noto que ela é pouco respeitada dentro e fora de nós. Banalizada, ignorada, explicada, expurgada de nossa realidade como algo tão raro e estranho que não merece outro tratamento senão o especializado.É colocada distante dos nossos olhos até mesmo quando está em nós. Leiam essa reportagem e comentem se puderem.


15 de dezembro de 2012

Para que matar vinte crianças?

Foto: Michelle McLoughlin / Reuters 

Frente ao assassinato brutal de vinte crianças e seis adultos em uma escola de ensino fundamental em Connecticut, nos Estados Unidos todos nós podemos nos perguntar o porquê. Todos nos perguntamos para que, qual a função de matar tantos inocentes? Pois a resposta não è fácil, mas é possível supor que o assassino não tivesse nada pessoalmente contra a maioria dos que matou. Que se saiba, no momento,a única pessoa que ele matou fora da escola e antes de todas as outras foi a própria mãe. Os soldados em guerra matam conhecidos? Pilotos de avião em guerra miram conhecidos quando jogam as suas bombas do alto? Políticos corruptos matam desconhecidos ao retirar os recursos que serviriam para um fim social e os usam para fins pessoais ou partidários. Criminosos comuns matam basicamente desconhecidos.

As crianças mortas não eram conhecidas do tal assassino, mas a mãe do assassino era professora da escola onde as crianças foram mortas. Alguma conexão? Quem não fica tentado a estabelecer uma conexão? Ele estaria matando simbolicamente todos os irmãos que o roubaram dos olhos de sua mãe? Ele estaria matando então invejosamente. Ele estaria como Ajax se vingando dos generais que preferiram dar a armadura de Aquiles para Ulisses, Odisseu em grego. Ajax se sentia merecedor porque lutava contra o inimigo, os troianos, sem a ajuda dos deuses ao passo que seu rival não dispensava tal colaboração. A mesma deusa de quem Ajax não aceitou ajuda fez ele matar todo rebanho conquistado pelos gregos enquanto ele pensava que matava os generais. Ajax se deprime , talvez a única depressão descrita em detalhes nas lendas gregas, e se mata. Morreram as vacas e Ajax. Que guerra era essa? O matador de Connecticut matou muito mais do que vacas, ainda que enquanto matava matasse alguma coisa que não eram aquelas crianças.

Devemos ficar atentos a existência de uma vida mental em nós e nos que nos cercam. Sofrimento psíquico é muito mais do que um diagnóstico é uma presença brutal e brutalizante dentro de alguém . Nao é possível evitar que humanos "mentados" tenham sofrimento, mas é possível retomar a cultura humanista que considerava a mente humana mais do que sinapses neuronais e os sentimentos e pensamentos e phantasias mais do que o tilintar de neurotransmissores. Simbolizar só é possível quando isso é considerado superior a ação não psíquica. O assassino não sabe pensar, se soubesse não mataria vinte crianças, nem essa pobre mãe colecionadora de armas de fogo. Pensava ela o que quando as colecionava? Agora é tarde.

13 de dezembro de 2012

Voltando....

Hoje volto ao blog depois de longa pausa. Volto animado porque ele foi repaginado de forma elegante por uma nova amiga e ótima pessoa muito bem recomendada por outro amigo, o Marcelo Tas. Essa profissional chama-se Erika Sara e graças a ela me animei a voltar. Bom, com essa introdução o espaço está reaberto. Um abraço a todos.